O
ano de 2009 representou uma grande transformação no mercado de auditoria e
consultoria. Foi quando teve início a adequação obrigatória ao novo padrão
internacional de contabilidade, o International Financial Reporting Standard
(IFRS).
Adotada
pela União Européia em 2005,
a norma consiste em um conjunto de pronunciamentos de
contabilidade internacionais publicados e revisados pelo International
Accounting Standards Board (IASB).
Na
mesma época, o Conselho Federal de Contabilidade emitiu diversas resoluções
estabelecendo um novo padrão contábil para as empresas que não estavam
enquadradas na Lei 11.638/07, conhecida como a Nova Lei das S/A. O objetivo
desta legislação é harmonizar as regras brasileiras com as implementadas no
mercado europeu. Chegou a vez de as pequenas e microempresas se adaptarem às
normas internacionais.
A
aplicação do IFRS elevou os níveis de transparência, pois os balanços tornaram
pública a real saúde financeira e patrimonial das empresas. Além disso, a
conversão das normas internacionais de relatórios financeiros permitiu às PMEs
remodelar os negócios com índices reais de desempenho.
Surgiram,
também, novas obrigações com o Fisco, como o Sped Contábil, Sped Fiscal e a
Escrituração Fiscal Digital (EFD) do PIS e da Cofins, que tomam muito tempo ou
exigem que novos profissionais sejam contratados.
No
entanto, ao olharem para o lado, empresários e empreendedores se perguntaram:
"Onde estão os contadores especializados?" Como as empresas passaram
a necessitar de equipes mais qualificadas para atender as exigências, tornou-se
evidente a carência de mão de obra. Estão registrados nos conselhos regionais
de contabilidade 487.727 profissionais, sendo 290.208 contadores e 197.519
técnicos em contabilidade.
Ao
todo, são 78.970 organizações contábeis, das quais 49.369 são formadas por
escritório ou empresário individual e 29.601, representadas por sociedade.
O
registro de contadores caiu 0,75% de 2010 a 2011, enquanto o de organizações cresceu
3,5%. Em 2010, havia um contabilista para cada 396 habitantes, conforme censo
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2007. Considerando
o último censo (2010) e o número de contabilistas de 2011, temos um
profissional para cada 391 habitantes.
A
situação repete-se no Estado de São Paulo. São 133.848 profissionais, sendo
73.309 contadores e 60.539 técnicos contábeis registrados. Temos 19.739
organizações contábeis. Destas, 9.257 representam empresários ou escritório
individual e temos um saldo de 10.482 sociedades.
Cabe
ressaltar que, dos 73 mil contadores registrados, uma parcela atua como
auditor, perito ou consultor sem trabalhar diretamente como contador.
Em
dez faculdades paulistas pesquisadas pelo IBGE, aproximadamente 2 mil vagas
para ciências contábeis são abertas por ano. Supondo que apenas 60% cheguem ao
fim do curso, teremos em torno de 1.200 profissionais. Desse total, se 60%
trabalharem na área, chegaremos a 720.
Como
desde 2011 o setor tem o exame de suficiência para poder se registrar no
Conselho Regional de Contabilidade e o índice de aprovação na última edição foi
de 54%, teríamos apenas 389 pessoas aprovadas por ano.
Deste
total, nem todas as pessoas tirarão o CRC ou terão o conhecimento pleno sobre
as normas do IFRS. Não é possível saber ao certo quantos profissionais
ingressam no mercado, mas certamente é um número insuficiente para atender à
demanda que não para de crescer.
Impacto.
As mudanças do IFRS transformaram a rotina dos contadores brasileiros, uma vez
que as regras eram diferentes. As adaptações às normas internacionais foram
feitas por meio da Lei nº 11.638/07, que atualizou a Nova Lei das S/A, e dizem
respeito às demonstrações contábeis. Para que a contabilidade pudesse estar de
acordo, foram introduzidos novos conceitos na legislação.
Um
dos maiores desafios foi convencer os contadores de que a norma contábil é
soberana e está acima da legislação tributária. Muitos contadores,
especialmente aqueles que lidam com pequenas e médias empresas, tiveram ou
ainda têm uma grande resistência a se adequar às normas do IFRS, pois elas
alteram a forma de lançamento contábil a qual ele estava acostumado a fazer.
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